A religião verdadeira que veio do Criador é uma só, não mais que isso, e é a crença no Deus único e na adoração exclusiva a Ele; tudo além disso é invenção dos seres humanos. Basta fazermos uma visita à Índia, por exemplo, e dizer em meio à multidão: "O Criador é um só." Todos responderão em uníssono: "Sim, sim, o Criador é um só." Isso está, de fato, escrito em seus livros, mas eles divergem e brigam, e às vezes até se matam, sobre um ponto fundamental: a forma e a aparência que Deus assume quando desce à terra. O cristão indiano, por exemplo, diz: "Deus é um, mas se manifesta em três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo)", enquanto alguns hindus dizem que Deus pode vir na forma de um animal, humano ou ídolo. No hinduísmo: (Chandogya Upanishad 6: 2-1) "É apenas um Deus, sem segundo." (Vedas, Svetasvatara Upanishad: 4:19, 4:20, 6:9) "Deus não tem pais nem senhores." "Ele não pode ser visto, ninguém O vê com os olhos." "Não há semelhante a Ele." (Yajurveda 40:9) "Eles entram nas trevas, aqueles que adoram os elementos naturais (ar, água, fogo, etc.). Mergulham ainda mais nas trevas, aqueles que adoram a Sambhuti (coisas feitas pelas mãos, como ídolos, pedras, etc.)" No cristianismo: (Evangelho de Mateus 4:10) "Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele servirás." (Êxodo 20:3-5) "Não terás outros deuses diante de Mim. Não farás para ti imagem esculpida ou qualquer semelhança do que há no céu acima, ou na terra abaixo, ou nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás, porque Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam."
Se as pessoas refletissem profundamente, perceberiam que todos os problemas e diferenças entre seitas religiosas e as próprias religiões surgem devido aos intermediários que os seres humanos colocam entre eles e seu Criador. Por exemplo, as seitas católicas e protestantes, e as seitas do hinduísmo, diferem na maneira de se comunicar com o Criador, não no conceito de Sua existência. Se adorassem a Deus diretamente, estariam unidos.
Por exemplo, no tempo do profeta Abraão (que a paz esteja com ele), quem adorava somente o Criador estava na religião do Islã, que é a religião verdadeira, mas quem tomava um sacerdote ou um santo como intermediário entre si e o Criador estava no erro. Os seguidores de Abraão deveriam adorar somente a Deus e testemunhar que não há outro deus além de Deus, e que Abraão é o mensageiro de Deus. Deus enviou Moisés (que a paz esteja com ele) para confirmar a mensagem de Abraão. Os seguidores de Abraão deveriam aceitar o novo profeta e testemunhar que não há outro deus além de Deus e que Moisés e Abraão são mensageiros de Deus. Quem adorava o bezerro, por exemplo, naquele tempo, estava no erro.
Quando Cristo Jesus (que a paz esteja com ele) veio para confirmar a mensagem de Moisés, os seguidores de Moisés deveriam aceitar e seguir Cristo e testemunhar que não há outro deus além de Deus, e que Cristo, Moisés e Abraão são mensageiros de Deus. Quem acreditava na Trindade e adorava Cristo e sua mãe Maria estava no erro.
Quando Muhammad (que a paz esteja com ele) veio para confirmar a mensagem dos profetas que o precederam, os seguidores de Cristo e Moisés deveriam aceitar o novo profeta e testemunhar que não há outro deus além de Deus e que Muhammad, Cristo, Moisés e Abraão são mensageiros de Deus. Quem adora Muhammad, ou busca sua intercessão, ou pede ajuda dele está no erro.
O Islã confirma os fundamentos das religiões divinas anteriores e que se estenderam até sua época, as quais foram trazidas pelos mensageiros em conformidade com o seu tempo. À medida que as necessidades mudam, um novo estágio da religião é introduzido, consistente em sua essência e diferente na jurisprudência, de acordo com as necessidades, com o sucessor confirmando o predecessor na base do monoteísmo. Ao adotar o diálogo, o crente reconhece a verdade da unidade da origem da mensagem do Criador.
O diálogo inter-religioso deve partir deste conceito fundamental, reafirmando a ideia de uma religião verdadeira e refutando tudo o que diverge dela.
O diálogo tem bases e princípios existenciais e de fé, que obrigam o ser humano a respeitá-los e a partir deles para se comunicar com o outro. Pois o objetivo desse diálogo é eliminar o fanatismo e os preconceitos, que são projeções de lealdades cegas, que impedem o ser humano de reconhecer o puro monoteísmo e levam ao confronto e destruição, como vemos em nosso mundo atual.